Razões para - não - celebrar o Natal

Pr. John McAlister *

Enquanto o mundo se prepara cada vez mais antecipadamente para celebrar o seu natal sem Cristo, os discípulos de Jesus não deveriam se preparar melhor para celebrar seu Natal com Cristo?
Diante das inúmeras controvérsias que giram em torno da origem e do significado desta festa, eis algumas razões tanto para celebrar como para não celebrar o Natal.

5 RAZÕES PARA NÃO CELEBRAR O NATAL

1. Natal é uma festa puramente comercial e consumista:

Todo cristão verdadeiro deve se sentir minimamente incomodado pela ânsia de consumo que aflora e se apodera das pessoas nesta época do ano. Passar horas e horas nos corredores dos shoppings, gastar dinheiro que temos e não temos para presentear os outros e a nós mesmos e, por fim, reunir a família para comer mais do que convém – além de ingerir muita coisa que não convém! – são maneiras nada cristãs de celebrar o Natal.

Contudo, deixar de celebrar o Natal somente porque muitos o tratam como uma celebração do consumo não é a única opção. A meu ver, o Dia das Mães e o Dia dos Pais são datas igualmente exploradas pelos marqueteiros. Mas isso não quer dizer que você não possa observar essas datas apesar de não homenagear seu pai ou sua mãe com um presente. E dizer que todo dia é Dia dos Pais, Dia das Mães e Dia de Natal é o mesmo que dizer que todos os dias são iguais e nenhum deles é especial. Então, se tiramos um dia do ano para honrarmos nossos progenitores, não poderíamos e deveríamos fazer o mesmo pelo nosso Redentor?

2. Natal é uma festa de origem pagã:

Muitos cristãos já devem ter ouvido que a data do dia 25 de dezembro coincide com uma antiga tradição pagã – a “festa do Sol Invicto” – que celebra o renascimento da natureza após a longa e escura noite do solstício de inverno no hemisfério Norte. Vários dos símbolos tradicionais de Natal – pinheiros, guirlandas e velas – também estão associados a essa tradição. Junte-se a isso todo o folclore mítico do Papai Noel e das renas, gnomos e duendes que o cercam para que muitos crentes tenham abolido de vez o Natal em seus lares.

De fato, usar os símbolos tradicionais de Natal sem conhecer seu real significado e enfeitar a sua casa com uma árvore de Natal e a companhia do Papai Noel sem fazer nenhuma menção à Encarnação do Filho de Deus é incompatível com a fé que professamos em Cristo. Porém, eu nunca vi um retiro de Carnaval ou uma programação evangelística no dia de Finados cancelados por motivo de “convergência de data com celebração pagã”. O real valor do dia 25 de dezembro não reside nas tradições pagãs que envolvem esta festa, mas no uso que fazemos do período de preparação e da própria data para honrar e glorificar o nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo.

3. Natal é uma festa que pertence ao calendário litúrgico romano:

A celebração preparatória para o Natal – conhecida como Advento, do latim que significa “vinda”, e que começa no quarto domingo anterior ao dia 25 de dezembro – está associada a todo um calendário litúrgico que muitos crentes tem rejeitado junto com as demais datas comemorativas acrescentadas a este ano festivo pela tradição Católica Romana, como o próprio dia de Finados.

É certo que a celebração do Natal não pode se tornar apenas uma comemoração religiosa mecânica e fria. É certo que não podemos fazer da lembrança e da celebração da vinda de Cristo – como também da sua Crucificação e Ressurreição – um exercício meritório aos nossos olhos e aos olhos de Deus, como se a simples recordação do fato histórico do nascimento virginal nos tornasse melhores que aqueles que ignoram ou rejeitam tal acontecimento.

Porém, é igualmente certo que, quer nós o reconheçamos ou não, definimos os ciclos do nosso ano a partir de datas-chave – aniversários, casamentos, nascimentos, óbitos, etc. Historicamente, a igreja tem marcado o seu ano pela comemoração dos eventos que marcaram a história da redenção – o nascimento de Cristo (Natal), sua morte e ressurreição (Páscoa) e o derramamento do Espírito Santo (Pentecostes). Assim como a comemoração de um aniversário de casamento não é definitiva para a permanência do matrimônio, embora seja salutar, assim também faz bem à fé e à vida da igreja anualmente celebrar os marcos históricos da sua confissão.

4. Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro:

A Bíblia não é apenas omissa quanto à data exata do nascimento de Jesus, como também os historiadores e críticos argumentam que é bastante improvável que ele tenha nascido no dia 25 de dezembro. A data pode muito bem ter sido escolhida pela igreja para servir de opção para os cristãos que não celebravam a “festa do Sol Invicto” (vide ponto 2 acima), mas que desejavam celebrar o raiar do “Sol da Justiça”. Outra tradição ensina que a Igreja antiga cria que Jesus teria morrido no mesmo dia em que foi concebido. Como a Páscoa costumava ser celebrada no Ocidente por volta do dia 25 de março, Jesus teria nascido nove meses depois.

Independentemente da origem da escolha da data, devemos entender que o Natal não se trata da celebração do aniversário de Jesus. Historicamente, Natal tem servido para lembrar da Primeira Vinda de Cristo e para anunciar a Segunda Vinda. “Cantar parabéns para Jesus” e “não se esquecer do principal aniversariante” do dia 25/12 não são as razões centrais do Natal cristão e, por isso, a justificativa dessa festa não depende da fixação exata da data de nascimento do Cristo.

5. A Bíblia não ordena que celebremos o Natal:

Longe de nós sugerirmos que a celebração do Natal é exigida pelas Escrituras. Não é. E longe de nós concluirmos que os que não celebram o Natal são menos cristãos dos que o celebram. Não são.
Contudo, simplesmente querer encerrar a questão dizendo que a Bíblia não fala sobre a celebração do Natal não é o fim da história. A Bíblia tampouco proíbe a celebração do Natal. E, como veremos adiante, ela nos dá muitas outras razões para observarmos esta festa de acordo com os princípios ensinados pelas próprias Escrituras Sagradas.


* - John McAlister é Pastor Titular da Igreja Cristã Nova Vida Catedral, no Recreio (RJ)

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